5 de dezembro de 2007

Síntese das abordagens teóricas de Jürgen Habermas

Na Teoria Crítica deste autor é patente as grandes inquietações a respeito dos efeitos do positivismo nas sociedades modernas, onde impera uma razão técnica e instrumental, própria do capitalismo.
Deste modo, Habermas busca integrar conceitos da filosofia e da ciência, estudando a razão na sua dimensão mais profunda, procurando uma maior compreensão da própria racionalidade, assim como as suas possibilidades e limites. Tal “atitude” e pressuposto vai ser reflectida na sua obra, publicada em 1981, “A teoria da acção comunicativa”, na qual o autor tem como finalidade investigar a razão, dando-lhe um novo enfoque: a razão comunicativa.
Segundo o próprio “a teoria da acção comunicativa se propõe a investigar a ‘razão’ inscrita na própria prática comunicativa quotidiana e reconstruir a partir da base de validez da fala um conceito não reduzido de razão” (cit. por Iarozinski, 2000, p.18).
Mas o que o autor entende por razão?
Este propõe um conceito amplo de razão, enfatizando a importância da linguagem, para uma melhor compreensão e entendimento. Portanto, para Habermas a razão apoia-se na linguagem, que se concretiza, através da relação entre pelo menos dois sujeitos em interacção e que, por sua vez, estabelecem uma “discussão”.
Assim, nesta teoria o autor parte do pressuposto de que os homens são capazes de acção, recorrendo à linguagem como forma de comunicação, para um melhor entrosamento e entendimento com os seus pares. Assim, neste contexto e na perspectiva deste autor, a linguagem tem um foco central, sendo um elo de interacção entre os indivíduos, que, por sua vez, tem como finalidade garantir um processo democrático nas decisões colectivas, onde através de argumentos e contra-argumentos, os sujeitos visam buscar o acordo.
Habermas abordou ainda a questão da tecnologia nos anos 60, dando origem ao livro “Técnica e ciência como ideologia”. Para este, a ciência tornara-se uma forte força produtiva. Estabelecendo um debate com Herbert Marcuse, Habermas defende e “questiona a proposição de uma nova ciência e uma nova técnica feita por Marcuse dizendo que estas eram projectos do ser humano universal, não projectos históricos como defendia Marcuse” (http://www.wikipédia.org/). Então a acção instrumental seria neutra para Habermas, só haveria crítica a esta se invadisse o mundo da vida, pela acção comunicativa.
Pois Habermas “não considera possível o surgimento dessa nova técnica e nem de uma nova ciência (libertadora)” (http://www.fernandopedrão.br.com/), ao contrário de Marcuse. Habermas debate a cientificação da técnica aplicada ao sistema militar e depois à produção civil de bens. Segundo este, o progresso cientifico é controlado pelo sistema militar e assumindo uma nova forma de legitimação, dando origem ao amortecimento da luta de classes. Com isto dá-se uma deslocação dos conflitos entre as classes sociais para “grupos subprivilegiados e desprovidos de direitos” (http://www.fernandopedrão.br.com/). Contudo, a ciência e a técnica assumem o lugar de ideologias. Para finalizar esta abordagem Habermas relata outra zona de conflito relativamente ao sistema de opinião pública lançada pelos meios de comunicação “ as definições publicamente admitidas referem-se ao que queremos para viver, mas não ao como queríamos viver se, relativamente ao potencial alcançável, descobríssemos como poderíamos viver” (cit. por Santos em http://www.fernandopedrão.br.com/).