6 de dezembro de 2007

A Acção Humana no Ambiente

Para estudar o impacto da actividade humana sobre o ambiente, o estudo do INE mostra a análise a quatro indicadores. São eles a qualidade do ar, a produção e destino dos resíduos sólidos, a intensidade energética da economia e a contribuição das energias renováveis para a produção de energia. A análise destes indicadores é importante para avaliar a qualidade de vida em um país e o que se está a fazer para atingir um desenvolvimento sustentável.
A qualidade do ar foi estudada de acordo com o número de dias em que o ozono troposférico (03, resultante de reacções químicas entre poluentes na presença de luz solar) e as partículas inaláveis PM10 (com tamanho entre 10 e 2.5 μg, e que são resultantes, por exemplo, dos incêndios florestais) estiveram acima dos limites recomendáveis.
Em relação ao nível de ozono troposférico, Portugal apresenta níveis excelentes, pois em nenhum dos dois anos foram medidos valores acima do limite. Este resultado destoa da média europeia que, embora relativamente baixa, chega a superar a poluição limite por 19 dias em 2000 e 32 dias no ano seguinte. No caso das partículas inaláveis, no entanto, os valores verificados em Portugal são altos (100 dias em 2000 e em 2001), maiores do que a média europeia e do que o verificado na maioria dos países, à excepção da Grécia e da Itália.
Com esses valores podemos concluir que o nível de poluição atmosférica que existe em Portugal é equivalente ao que existe em outros países europeus, mas que difere destes no que toca à natureza dos poluentes. Isto se deve às diferenças entre a actividade humana em Portugal e nos restantes países-membros da UE.
Quanto aos indicadores sobre a recolha e o tratamento dos resíduos sólidos, eles reflectem a preocupação com um problema crescente para as sociedades, em especial para aquelas em que grande parte da população mora em centros urbanos: o que fazer com uma quantidade de lixo que é cada vez maior?
A quantidade de resíduos sólidos recolhida em Portugal é inferior à média europeia, consideravelmente baixa, e no entanto, crescente. Este facto pode ser compreendido se atentarmos que o desenvolvimento de um país tente a aumentar a quantidade de resíduos recolhida – “O desenvolvimento económico, factor que propicia o aumento dos resíduos produzidos, que Portugal registou não tem incremento de forma significativa na produção de resíduos sólidos, facto que poderá ser justificado pelo surgimento de uma preocupação ambiental que promove a separação de resíduos” (INE: “A Estratégia de Lisboa: Portugal no contexto da união europeia”, 2004) . No caso de Portugal, este desenvolvimento foi mais tardio do que nos outros países europeus, pelo que, quando se verificou, a população já estava mais consciente em relação aos problemas ligados ao ambiente e à necessidade de separar o lixo.
A grande maioria dos resíduos recolhidos, tem como destino, em Portugal, a deposição em aterros. A importância dos aterros como destino para os resíduos é muito maior em Portugal (cerca de 80%) do que os valores médios europeus (cerca de 50%). Já a incineração é o destino de cerca de 15% dos resíduos urbanos em Portugal, sendo que os valores médios europeus são 17%.
Em relação ao destino dos resíduos sólidos, devemos ainda ter em atenção que tanto a deposição em aterros quanto a incineração demandam cuidados para que não contaminem o ambiente. A deposição em aterros tem como grande desvantagem ocupar grande espaço e ser bastante custosa, pois é preciso realizar certos procedimentos que impeçam a contaminação do solo, do ar e dos lençóis freáticos da área em que se encontra. Já a incineração tem como vantagem a redução do volume de lixo, porém é preciso ter em atenção que este meio de tratamento pode ser um factor de poluição do ar.
O terceiro tópico estudado foi a intensidade energética da economia, que permite perceber se a riqueza de um país é produzida de forma eficiente. Para isso, mede-se a quantidade de petróleo necessária (em quilogramas), para se gerar 1000 euros de PIB. Em relação a este indicador, Portugal mostra-se menos eficiente do que a média dos países da União Europeia (15 integrantes), no entanto, bastante mais eficiente do que a média dos novos integrantes da UE: “de acordo com este indicador, em 2001 Portugal era o terceiro país com menor eficiência energética, sendo superado apenas pela Finlândia e pela Grécia. No extremo oposto, e também em 2001, situavam-se a Dinamarca e a Áustria.”(INE: “A Estratégia de Lisboa: Portugal no contexto da união europeia”, 2004).
A contribuição das energias renováveis para a produção de electricidade é o último tópico deste estudo, e conclui que em Portugal, a importância das energias renováveis é maior do que para a média dos países europeus. No entanto, a utilização de energias deste tipo está bastante condicionada à pluviosidade do ano, pois a maior parte das chamadas “energias limpas” em Portugal provém de recursos hídricos.
De acordo com o conjunto dos indicadores estudados, podemos concluir que, em relação ao ambiente, Portugal apresenta semelhanças com os outros países da União Europeia. As últimas 3 décadas significaram, para Portugal, um período de importantes mudanças sociais e os indicadores ambientais (de que é exemplo a utilização de energias renováveis) são, também, reflexo deste desenvolvimento recente.

Texto elaborado por:
Débora Pina
Raquel Azevedo