16 de dezembro de 2007

A estratégia de Lisboa

As estatísticas oficiais da Eurostat das quais o INE se serve de base para a realização do documento em análise “A estratégia de Lisboa: Portugal no contexto da União Europeia”, tornam possível realizar uma comparação e enquadramento do nosso país relativamente aos restantes membros constitutivos da União Europeia de acordo com indicadores e taxas que permitem acompanhar o desenvolvimento económico e cultural, como captar as desigualdades e assimetrias sociais existentes.

Entre 1991 e 2003 Portugal e a Grécia, quando comparados com os restantes países da União Europeia, sempre apresentaram um dos PIBs mais reduzidos. De acordo com este fraco desempenho de desenvolvimento e crescimento económico do nosso país, o forte investimento do sector privado traduz uma clara tentativa de alcançar o progresso, procurando igualar os valores mais elevados registados pelos restantes países da U.E. Por sua vez, e olhando para o saldo das próprias contas das administrações públicas e estando atento ao défice máximo de 3% estipulado desde 2001, é possível detectar também uma falha neste compromisso por parte do nosso país. Apesar do esforço dos sucessivos governos para tentarem contolar o défice orçamental, e sobretudo após a introdução e consequente circulação do Euro, os saldos positivos delineados no Pacto de Estabilidade e Crescimento são práticamente inatingíveis.
Relativamente à educação, as estatísticas evidenciam Portugal como sendo um país no qual o abandono escolar desde tenra idade é frequentemente característico, ocupando em 2003 a posição mais elevada no total dos resultados em análise. Curiosamente também se verificou que entre licenciados, mestrados e doutorados, os homens são quem predomina nas áreas tecnológicas e científicas. Posto este cenário se compreende qual a importância da insistência na formação e aprendizagem contínua e permanente, para que sobretudo os trabalhadores menos escolarizados adquiram competências e desenvolvam as capacidades necessárias para enfrentarem com sucesso os desafios que surgem, tentado de algum modo contribuir para a contrariação das fortes taxas de pobreza com que Portugal se defronta. Assim se percebe que a excessiva ausência de formação e a não aposta na educação por parte de grandes franjas populacionais, justifica a elevada persistência de rendimentos diminutos num elevado número de agregados familiares, bem como a criação de fortes bolsas de pobreza. Em Portugal, o fosso entre ricos e pobres está bem definido, havendo uma grande persistência de desigualdades na distribuição de rendimentos. O desemprego de longa duração e os agregados familiares com a total ausência de indivíduos empregados, podem ser as principais causas para a persitência de pobreza no nosso país. Talvez por isso mesmo, e como tentativa de alterar a situação, segundo a Eurostat, em 2001 Portugal revelou ser dos países com a mais elevada despesa pública em educação e investimento em tecnologias da informação e comunicação.
Apesar de apenas ter sido realizada uma pequena e sintética análise a um reduzido número de indicadores, e de acordo com as propostas de diversas obras e autores, é legítimo avançar com a seguinte afirmação: apesar de nos encontrarmos na Europa, Portugal é indubitavelmente um país de desenvolvimento intermédio pois, o seu sistema produtivo, se bem que mais diversificado e industrializado do que acontece no terceiro mundo, possui modalidades de industrialização e níveis de modernização tecnológica e organizacional bastante inferiores aos dos nossos parceiros do Norte Europeu, bem como taxas de analfabetismo muito elevadas e qualificações profissionais diminutas. Apesar de a nossa entrada para a U.E. ter sido benéfica, ainda hoje nos deparamos com um sistema produtivo débil, uma reduzida modernização tecnológica, diminutas taxas de qualificação profissional, bem como elevadas taxas de analfabetismo e desemprego. Desta forma, a nossa integração contribuiu decisivamente para adquirirmos uma posição intermédia mais vantajosa entre os Países de Centro e os Países da Periferia do Sistema Mundial.
Tendo até agora somente dado enfoque a aspectos e indicadores directamente relacionados com o crescimento e desenvolvimento, importa agora reflectir um pouco sobre a questão ambiental, pois por si só, tem o poder de influênciar a riqueza e o bem-estar das populações.

Breve referência à questão ambiental:

Uma análise ou breve leitura sobre História Mundial, permite até ao mais leigo cidadão, detectar a existência e posterior desaparecimento de diferentes formas de sociedade devido ao crescente aparecimento da produção mecanizada que se baseia na utilização de recursos energéticos inanimados. A sociedade humana parece ter chegado a uma importante curva da sua história: depois da economia de subsistência das sociedades primitivas e da economia de crescimento da sociedade industrial, caminhamos para a economia de equilíbrio da sociedade pós-industrial ou ecossociedade.
“O desenvolvimento da industrialização assentou na crença de que os recursos naturais são inesgotáveis e que a natureza seria capaz de absorver os lixos, os detritos e efluentes de toda a espécie, que a indústria, a agricultura orientada para o mercado e consumo iam produzindo”. (Almeida, 1994, p.49)
A perspectiva economicista e produtivista que orienta as actividades económicas com vista na obtenção incessante de lucro; a exploração intensiva dos recursos e os maus hábitos enraízados nas práticas quotidianas dos indivíduos que não têm substitutos ecológicos alternativos ecológicos são os três grandes factores que contribuem para a persistência do problema ecológico planetário.
Encontrando-se a poluição disseminada pelo ar, pelas águas e pelo próprio solo, o buraco do ozono, a produção excessiva de dióxido de carbono, a destruição das florestas e as águas em risco são indubitavelmente as grandes questões ambientais da e na actualidade, pois colocam em causa o futuro de toda a humanidade e de todo o Planeta Terra. As espécies estão ameaçadas, podendo mesmo chegar a extinguir-se devido às galopantes transformações ambientais.
Assim, e em detrimento do actual estado do ambiente mundial, cada vez mais se assiste a uma clara tentativa de protecção e preservação da sua qualidade, pois o homem tornou-se consciente da factura a pagar no futuro. As energias alternativas, o desenvolvimento sustentável e sucessivos aparecimentos de de movimentos verdes e acordos entre países são algumas das formas de actuação que têm surgido ao longo dos anos para procurarem encontrar respostas para as principais questões em debate.

Realizado por: Joana Sofia Xavier Ribeiro