16 de dezembro de 2007

Considera que existe cada vez mais pobreza em Portugal?

O nosso vídeo (futuramente postado) resultou de um pequeno “voxpop” realizado pelo grupo no sentido de perceber se os indivíduos consideram que existe cada vez mais pobreza em Portugal. Foram, portanto, inquiridos indivíduos que se encontravam a trabalhar no Mercado do Bom Sucesso, na Boavista.
Relativamente aos testemunhos que reunimos podemos fazer um pequeno resumo com aquilo que cada um contém:

Senhora número 1 – Considera que existe, de facto, cada vez mais pobreza em Portugal, mas não argumenta razões;

Senhora número 2 – Concorda que há pobreza em Portugal, focando a questão do fim da classe média e do aumento do fosso entre os ricos e os pobres. Demonstra grande desanimo e tristeza pela situação do seu país, preocupada com as gerações futuras. Aborda, ainda, o agravamento (“crise “) da economia mundial após a catástrofe do 11 de Setembro, uma crise na política e por fim as tão conhecidas alterações climáticas;

Senhor número 1 – Aborda, também, a questão do desaparecimento da classe média reflectindo-se no aumento da pobreza e no fosso entre “os mais ricos e os mais pobres”;

Senhor número 2 – Considera que há, de facto, cada vez mais pobreza em Portugal, mas são as pessoas que fazem por isso, “gastam mais do que podem!”;

Senhora número 3 – Refere que a situação está má para todos, “até para nós” dizia ela, referindo-se a sua condição de comerciante. Mostra que, para resolver esta situação, seria preciso mais rigidez e autoridade (“precisamos de 20 Salazar’s”). Actualmente há mais crime e, consequentemente, mais prisões. Na sua ideia, os profissionais de pichelaria, carpintaria e mecânica levam muito caro pelo seu trabalho (“é de lhes tirar o chapéu!”). Critica as aulas de esclarecimento sexual e a exposição diária deste tema nos media (televisão, revistas, etc). Refere, ainda, criticamente, a questão da homossexualidade (“aquela paneleirada”) vendo-a como uma humilhação para a sociedade em geral. Por fim, considera que o desemprego e a pobreza estão, também, relacionados com a questão de os jovens hoje em dia não se sujeitarem a todo o tipo de trabalho, nomeadamente nas feiras e nos mercados.

Senhora número 4 – Começa por dizer “pobreza pobreza não há, enquanto houver pão no lixo!”, focando que a pobreza é consequência da mão humana e que há trabalho, as pessoas e que não se sujeitam a nada.

Em suma, todos consideram que há cada vez mais pobreza em Portugal, sendo que alguns referem que quem faz a pobreza são os próprios indivíduos que não potencializam os recursos que têm disponíveis.
Neste sentido, podemos concluir que há uma relativa concordância, excluindo, porém, as noções de senso comum que caracterizam alguns dos depoimentos, entre o que referem estes indivíduos e os dados presentes no relatório do INE de 2004. Tendo em conta, a taxa de persistência de pobreza que corresponde à população que está abaixo do rendimento disponível médio no ano em análise, esta é bastante elevada. Segundo o INE, na UE a taxa de persistência de pobreza tem uma média igual a 9%, sendo que em Portugal esta era de 15% da população.


Márcia Pereira
Rafaela Sousa
Susana Batista
(3.º ano)