9 de dezembro de 2007

Evolução da educação na Área Metropolitana do Porto

Tendo como base estatísticas retiradas dos censos de 1981 e 1991, realizei este pequeno texto acerca da evolução da educação na área Metropolitana do Porto.
Pude reparar que existe uma acentuada descida na taxa de analfabetismo desde 81, que detinha uma percentagem de 11,2%, até 91, que tem apenas 9,9%.
Isto deve-se ao facto de haverem mais homens a estudar e houve, também, após 74 uma entrada muito elevada das mulheres para o ensino.
É de salientar que esta descida da taxa de analfabetismo não se deu de igual forma em todos os concelhos da Área Metropolitana do Porto.
Vila do Conde e Póvoa de Varzim ocupam os primeiros lugares tendo uma taxa de analfabetismo de 13,5% e 13,4%, respectivamente.
Seguidamente segue-se Vila Nova de Gaia e Maia com 12,8% e 12,4%, respectivamente.
Espinho e Gondomar ocupam os lugares mais baixos com apenas 6,7% e 6,6%, respectivamente, sendo ultrapassados apenas pelo Porto com 5%.
Verificou-se um aumento de 7,7% na população residente com o ensino básico completo. Em 1981 eram 427882 pessoas com o ensino básico e em 91 eram 460729. Dentro dessa variação há que reparar no facto de haver um incremento de mais 3,9% de homens e 11,7% de mulheres.
Quanto à população residente com o ensino secundário completo registaram-se 33927 em 81, e 49184 em 91, deparando-nos com um aumento de 45%. Dentro desse aumento conta-se com um incremento de mais 28% de homens e mais 66,9% de mulheres.
São estes dados que nos levam a concluir que muita da descida do analfabetismo na Área Metropolitana do Porto se deve ao grande aumento da entrada na mulher no mundo do trabalho, e consequente escolarização.
Quanto à população residente a frequentar o Ensino Superior em 1991, podemos verificar que existem mais mulheres do que homens com estes estatutos.
Existem ao todo 24490 indivíduos com o Bacherelato/Licenciatura. Dentro dos quais 45,6% são homens e 54,4% são mulheres.
Com o Mestrado/ Doutoramento existem 1069 indivíduos, dentro dos quais 49,2% são homens e 50,8% são mulheres.
É de salientar o baixo número de pessoas com um grau académico Superior.
Podemos comparar a região Norte com a Área Metropolitana em termos de escolarização. Conclui-se, após uma análise dos dados estatísticos, que a AMP tem uma taxa de escolarização mais elevada em todos os níveis.
Verificou-se 17% da população sem escolarização na Região Norte contra 13% na AMP.
47% da população da Região Norte tem o 1º ciclo contra 43% na AMP.
15% da população da Região Norte tem o 2º ciclo contra 13% n AMP.
Esta diferença deve-se ao facto de na AMP haverem mais pessoas a prosseguir estudos, logo existem menos pessoas a largarem os estudos no 1º e no 2º ciclo.
A maior diferença encontra-se a partir do 3º ciclo. Na Região Norte encontram-se apenas 9% da população com este grau académico contra 12% na AMP.
Com o ensino secundário completo existe 7% da população da Região Norte contra 10% na AMP.
Com o ensino médio existe 1% da população da Região Norte contra 2% da AMP.
Embora a percentagem seja baixa é de salientar que os 2% da população da AMP com o ensino médio representam o dobro da existente na Região Norte.
No ensino superior encontramos 4% da população da Região Norte contra 7,4% da população da AMP. Esses 7,4% surgem de um número total de 56006 indivíduos, com idades compreendidas entre 18 e 65 anos com o ensino superior feito.
Dentro da Área Metropolitana do Porto o concelho mais desfavorecido é Vila do Conde que conta com 85,6% da população com o ensino básico e apenas 4% com o ensino superior. O concelho mais favorecido, como seria de esperar, é o Porto com 60% da população com o ensino básico e 18% da população com o ensino superior.
O facto dos grupos etários acima dos 45 anos apresentarem proporções de analfabetismo mais elevado que a média revela o baixo nível de escolarização anterior ao 25 de Abril. Com o Estado Novo a educação não era apoiada, era, antes de mais, escondida.
Existem, também, diferenças quanto aos agrupamentos escolhidos no Ensino Secundário.
Em 1980 42% da população escolar seguia a área científico-natural. Já em 1990 se encontravam apenas 30%.
Há uma baixa, também, na percentagem dos alunos matriculados em científico-tecnológico (cai de 14% para 9%).
Existe uma subida no agrupamento de Economia, que sobe de 13% para 27%, e no agrupamento de Humanidades, que se eleva de 28% para 31%.
O agrupamento das Artes não muda rigorosamente nada estabelecendo-se, igualmente, nos 3 pontos percentuais.
Podemos concluir que, embora a AMP tenha conseguido aumentar o seu nível de escolarização, ainda é necessário estimular os jovens para o prosseguimento nos estudos. E não só é necessário aumentar a quantidade mas também, e principalmente, a qualidade do ensino.

Sara Costa Paiva Correia