4 de janeiro de 2008

Persistência da Pobreza e Inflação

O presente artigo pretende relacionar a persistência da Pobreza e da Inflação, neste sentido torna-se pertinente clarificar alguns aspectos sobre a pobreza, sendo que deve-se entender como pobres “aqueles que não tem qualquer poder”[1] não considerando somente como pobres os sem-abrigo ou os indivíduos marginalizados pela sociedade, sendo que por esta mesma razão.
Existem três tipos de pobreza, absoluta (refere-se aos indivíduos que não conseguem ter capital económico suficiente para as despesas alimentares, vestuário e habitação), relativa (ocorre quando a percentagem de rendimento é inferior a 50% do rendimento médio, após as despesas de habitação) e consensual (esta definição de pobreza não apresenta um cariz meramente económico, mas tem em conta algumas questões relativas aos padrões de vida, sendo que existem indivíduos que apesar de não possuírem qualquer tipo de rendimento, conseguem ter um pouco de qualidade de vida, devido ao suporte familiar).
Tudo isto nos permite desde já afirmar que esta questão deve ser alvo de atenção por parte das entidades Governativas, uma vez que a questão da pobreza pode ser considerada como um problema estrutural das sociedades capitalistas. A fim de ilustrar melhor o que referimos até então atentemos aos gráficos sobre a taxa de preexistência da pobreza, dados produzidos pelo Instituto Nacional de Estatística e referentes aos anos de 1997 e 2001.

Assim, neste contexto em 1997 os países com taxa de persistência da pobreza mais alta eram: Portugal (15%); Grécia (14%); Irlanda (12%); Espanha (11%); Reino Unido (10%). Já em 2001, as taxas mais elevadas são: Portugal (15%); Grécia (14%); Irlanda (13%); Espanha e Itália (13%); Espanha e Reino Unido (10%). Estes dados devem alertar para a necessidade de radicar determinados factores que são promotores da persistência, sendo um desses factores o desemprego.
Estas questões agravam-se quando temos em conta a taxa de inflação dos referentes países, uma vez que, a medida que a inflação sobe, os preços são igualmente inflacionados, ou seja, aumentam, o que retira poder de compra aqueles que já possuem pouco capital económico, diminuindo assim as possibilidades destes melhorarem a sua qualidade de vida. É importante verificar que desde que Portugal introduziu a Eurostat (metodologia harmonizada para o cálculo destes dois indicadores) só apenas no ano de 2000 o nosso país não constou na tabela dos cinco países com as maiores taxas de inflação dos países integrantes na UE (15). No período que antecede os anos 90, Portugal apresentava uma inflação que superava os 10%, no entanto, em 1997 o nosso país apenas registava valores inferiores a 2%. Contudo estes valores tornaram a subir e em 2001 o nosso país atingia uma taxa de crescimento dos preços de 4,4%.
Observando o desempenho dos novos Estados-Membros da UE (15), constatou-se que após a sua integração, começaram a registar uma clara diminuição do crescimento de preços no consumidor. Resultado dos níveis de inflação altos, Portugal caracteriza-se por ser um país de incertezas (incertezas estas fomentadas pelo baixo poder de compra da moeda e pelas desigualdades sociais daqui subsequentes) evidenciando um grau de desenvolvimento muito baixo, e com um custo de vida também baixo quando comparado aos outros países que integram a UE (15).

Autoras: Joana Azevedo
Luísa Matos
Nádia Oliveira

[1] MOORE, Stehen, Sociologia, pág. 217.
Errata: Nos Gráficos deve ler-se "persistência".