4 de janeiro de 2008

Estrutura da Habitação - Região Norte

Ao Norte corresponde aproximadamente um terço do parque habitacional do Continente português, como demonstram os dados do Quadro 1. Atendendo à região como um todo, pode concluir-se concluir que, em qualquer das quatro variáveis consideradas, o seu dinamismo é, na década de 90, superior ao da média do Continente (sendo apenas superado, em todas elas, pela região do Algarve). Em 2001, há, no Norte, comparativamente a 1991, mais 325 mil alojamentos, para cerca de mais 200 mil famílias, o que corresponde a uma diferença de 125 mil unidades.



Por sua vez, o aumento relativo do número de famílias é bastante mais significativo que o aumento da população residente, o que sugere a existência de transformações importantes na estrutura das famílias, nomeadamente a diminuição da sua dimensão. Esta passa, na região, de uma média de 3,4 pessoas por família para as 3,0. Concumitantemente, a variação do número de alojamentos é mais significativa que a variação do número de edifícios, o que indica transformações no parque habitacional, associadas ao aumento do número médio de alojamentos por edifício, valor que passa de 1,3 para 1,5. Até aqui, foram focados aspectos da dimensão do parque habitacional da região Norte. No entanto, do ponto de vista dos estudos da habitação, é importante saber o modo como as famílias se relacionam com esse parque habitacional e discutir a existência de eventuais transformações e diferenciações nessa relação. O Quadro 2 demonstra esses processos de transformação, referindo-se à evolução das formas de ocupação.
Uma primeira leitura permite perceber que os alojamentos de residência habitual de famílias constitui aproximadamente três quartos do parque habitacional do Continente e da região Norte. As habitações de uso sazonal ou secundário são de mais de 900 mil alojamentos no Continente e de 250 mil na região Norte; mais de 500 mil alojamentos no Continente e de 160 mil na região Norte encontravam-se vagos no momento da realização dos censos 2001, valores em ambos os casos superiores aos 10% do respectivo parque habitacional.
Se compararmos esta situação com a verificada em perídos anteriores, sobressaem algumas características muito significativas, a primeira das quais diz respeito à forma como o crescimento habitacional se “distribui” pelas diversas formas de ocupação dos alojamentos. Em 2001, comparativamente a 1991, há, no Norte, mais 325 mil alojamentos, dos quais 200 mil correspondem ao aumento do número de alojamentos clássicos ocupados como residência habitual. Quer isto dizer que, as dinâmicas de alojamento das famílias tendem, nos anos 90, a captar, no Norte, um pouco menos que dois terços (64%) das dinâmicas de expansão da habitação, associando-se o restante ao crescimento do número de alojamentos de uso sazonal ou secundário e do número de alojamentos vagos. Este valor é, ainda assim, superior ao verificado para o Continente, cujo valor se situa nos 55%, e superior ao verificado na década 80, que não atingiu os 50% no Norte, nem os 40% no Continente, e que marcava uma clara distância entre as dinâmicas de investimento na construção e as dinâmicas de alojamento das famílias.

Marta Maria Alves Fernandes