4 de janeiro de 2008

Evolução dos Indicadores de Escolarização na AMP

· Breve nota metodológica

Para as tendências que de seguida irão ser apresentadas, foram tomados como referência dados de cariz quantitativo disponíveis no INE, posteriormente escolhidos segundo indicadores específicos e agrupados em tabela. Centramos a nossa análise em dois períodos censitários, os anos de 1991 e de 2001 por reflectirem tendências progressivamente cumulativas de algumas regularidades no ensino superior que se têm vindo a afirmar nas últimas décadas. Optamos de igual modo por proceder a uma análise comparativa, não apenas entre os concelhos intra-metropolitanos, mas também entre esta área e o território nacional para assim alcançar um olhar mais abrangente. Os indicadores seleccionados – População residente com pelo menos escolaridade obrigatória; Taxa de abandono escolar; Taxa de analfabetismo; Proporção de população com ensino superior completo - representam tendências estruturais gerais pertinentes para o carácter de síntese que este trabalho exige. Assim, para além de comparativa iniciar-se-á uma análise descritiva.
Quadro 1 – Indicadores de escolarização de Portugal e AMP para 1991 e 2001.
O ano de 2001 apresenta uma nítida subida na proporção da população tendo alcançado pelo menos a escolaridade obrigatória, o que indica a importância social crescentemente inculcada ao sistema de ensino formal como de igual modo os investimentos políticos e sociais para estimular a qualificação dos recursos humanos. Neste domínio, a subregião da AMP demonstra um indicador mais favorável face ao território nacional, o que poderá indicar que neste caso os efeitos da proximidade face aos sectores da indústria, mais litoralizados e tendencialmente dotados de necessidades crescentes na qualificação de mão-de-obra. O concelho do Porto é o que mais se destaca nesta área metropolitana, superando o valor agregado da AMP (43.4%) com uma distância superior de quase 10 pontos percentuais sobre aquela (52.5%). Em tendência oposta distinguem-se os concelhos da Póvoa do Varzim e de Vila do Conde com valores de mais de 10 pontos percentuais inferiores à AMP, registando-se uma forte clivagem então face ao próprio concelho do Porto. Maia e Matosinhos apresentam-se equiparados à media da AMP, ligeiramente privilegiados até. Espinho, Gondomar e Valongo indicam valores mais baixos embora equitativamente similares entre si atingindo aproximadamente os 40 %, sendo superados por Vila Nova de Gaia (42.3%). Podemos distinguir então três grupos diferenciados entre os concelhos analisados: um grupo fortemente privilegiado tanto face ao território português como perante o valor médio da respectiva Área Metropolitana e constituído pelo concelho do Porto - que aliás lidera com alguma distância positiva este subsegmento - Maia e Matosinhos. Um segundo grupo, constituído por Gondomar, Valongo e Espinho que registam valores similares face aquele apresentado para Portugal (37.9%) embora negativamente posicionados diante da média da AMP. Por fim, o terceiro grupo, constituído por Vila do Conde e Póvoa do Varzim fortemente superado tanto pela média nacional como pelos concelhos homólogos. Poderíamos induzir a partir deste apontamento que A AMP se divide em três segmentos constituídos por uma certa uniformidade em cada grupo mas depois com fortes distâncias entre si acentuadas principalmente acentuadas em ambos os anos censitários. Relativamente à taxa de abandono escolar regista-se um decréscimo bastante significativo em todas as área territoriais analisadas, sendo drástico para concelhos como a Póvoa do Varzim e Vila do Conde que registam quedas de perto de 20 pontos percentuais de uma década para a outra. Verifica-se uma convergência mais igualitária entre os vários territórios no ano de 2001, embora certos padrões se mantenham similares permitindo denotar já algumas regularidades que indicam que nem todas as populações se posicionam com acessibilidades escolares idênticas.
A taxa de analfabetismo não regista alterações decrescentes significativas, indicando que este indicador esteja com algumas certezas talvez mais correlacionado a populações mais idosas sendo então as ligeiras quedas apenas reveladoras dos efeitos da mortalidade ocorridos de uma década para a outra.
Quanto à população residente com o ensino superior completo demonstram-se a nível global subidas semelhantes para todas as regiões apresentando aumentos que rondam sensivelmente os 50 % de 1991 para 2001. A AMP destaca-se face ao território nacional, sendo que de uma década para a outra os valores entre ambas distanciam-se ligeiramente. Na Área Metropolitana, o concelho de destaque volta a ser o Porto sendo que em ambos os períodos censitários, o seu valor apresenta sempre uma distância de mais ou menos 50% daquela embora neste ultimo periodo concelhos como Maia e Matosinhos tenham alcançado crescentemente aproximados do Porto, mantendo-se em posição equitativa face à AMP. A tendência crescente apresentada para todas as regiões justificam-se sem dúvida alguma pela valorização social e simbólica imputada à posse de um diploma/título académico como principal meio considerado e privilegiado no processo de mobilidade social ascendente. Tal como enunciamos, na análise do primeiro indicador, também poderemos aqui enumerar uma tripla segmentação entre os concelhos da AMP com, novamente, um grupo dominante constituído pelo Porto - em posição de liderança com 17.9% em 2001- Maia e Matosinhos, estando os valores destes dois últimos relativamente idênticos àquele registado para a média da AMP. Um segundo grupo, constituído por Espinho e Vila Nova de Gaia, com valores a rondar os nove ponto percentuais no ultimo ano censitário, embora inferiores aos da região metropolitana (5.8% em 1991 e 10.7% em 2001), mas ligeiramente favorecidos frente ao território nacional (4.1% em 1991 e 8.5% em 2001). Um terceiro grupo constituído por Gondomar, Póvoa do Varzim , Valongo e Vila do Conde demonstra valores bem inferiores à media da AMP como também daqueles observados para o território português. Novamente se assiste a uma bipolarização intra-metopolitana com um grupo de concelhos mais privilegiado, um outro que acompanha as tendências nacionais e por fim um grupo com uma escolaridade mais fragilizada, drasticamente distante da sua área metropolitana de inserção como do território nacional.
Salientamos no entanto que estes valores são todos muito pouco promissores pois revelam que apenas uma pequena porção minoritária da população portuguesa acede e completa o ensino superior, o que deveras se torna num dos factores que contribui para que Portugal se inclua numa posição de desenvolvimento intermédio, como também indicia fortes tendências dominantes de reprodução social na sociedade portuguesa que embora democratizada não se afasta todavia das fortes clivagens nas condições de vida da população residente.
Elaborado pelas alunas

Ângela Sousa
(as_magnolia@hotmail.com)
Catarina Modesto
(catarina.amsilva@gmail.com)
Cristiana Silva
(cristiana_insilva30@hotmail.com)
Débora Pina
(dpcastigliona@gmail.com)
Diana Rodrigues
(maika.rodrigues@gmail.com)
Filomena Silva
(filomenamaria65@hotmail.com)
Helena Barros
(leninha_87@hotmail.com)
Luísa Barbosa
(lsoc06039@letras.up.pt)
Nádia Costa
(nadiacosta@kanguru.pt)